Imagine um filme ou um livro em que o protagonista termine a história exatamente do mesmo jeito que começou.
Posso garantir que você terá dificuldade para lembrar de uma obra assim. Elas quase não existem e quando existem são chatas a ponto de não se tornarem memoráveis.
Um elemento fundamental do storytelling é a transformação.
Uma boa história tem sempre uma transformação.
A trilogia O Poderoso Chefão, inspirada na obra de literária de Mario Puzo e dirigida no cinema por Francis Ford Coppola, traz um exemplo clássico de protagonista que se transforma ao longo da trama.
Michael Corleone é apresentado como um herói de guerra, alguém alheio aos negócios ilegais de sua família. O fio condutor da trama é exatamente esse: a transformação gradativa de Michael no gângster mais violento e sem escrúpulos de todos.
A história evolui na medida em que o protagonista vai deixando para trás seus valores originais, além da ética que pautava a atuação de sua família na geração anterior, comandada por seu pai Dom Vito Corleone.
O Poderoso Chefão é sobre o ocaso da máfia clássica.
Uma narrativa, do ponto inicial até o desfecho, não pode evoluir em linha reta sem que nenhuma transformação aconteça.

A lógica que vale para a ficção também vale para o universo profissional.
Todo projeto realizado em uma empresa vai gerar mais impacto se os profissionais envolvidos aprenderem a comunicar as transformações resultantes daquele trabalho. Na maioria das vezes, nem as pessoas da organização nem os clientes ficam sabendo o que mudou.
Já disse isso no começo, mas vou repetir: não existe história realmente boa sem transformação.
O que os personagens aprenderam? Como a vida mudou? Como era o mundo antes e como ficou depois?
Vai contar uma história? Identifique quais são os pontos de transformação.
Transformações podem físicas, emocionais, culturais, espirituais, sociais; enfim, de toda ordem.
Se há algo que mobiliza a atenção de um ser humano é acompanhar a mudança vivida por outros seres humanos.