Uma obra literária, diferente de um texto acadêmico, não precisa confirmar uma hipótese ou impor uma tese.
Grandes escritores podem usar a ficção para provocar nossa interpretação simbólica do mundo. Não precisam convencer nem impor suas certezas, mas podem provocar no leitor o desejo de que ele próprio formule novas interpretações da realidade.
A literatura nos ajuda a perceber a beleza e as verdades humanas, ao mesmo tempo em que nos dá elementos para ordenar os acontecimentos que chamamos de vida.
Aprendemos mais sobre a natureza humana e sobre nossas próprias emoções a partir das narrativas literárias. Experimentamos convicções opostas às nossas e, como consequência, somos capazes de construir melhores relacionamentos.
Pode ser por causa de uma trama cheia de reviravoltas, da intensidade de um conflito ou, em grande parte das vezes, pela força de um personagem. Alguns livros se tornam inesquecíveis porque ajudam a formar nossa personalidade.
Ninguém passa impunemente pelo que escreveu Dostoiévski, Machado de Assis ou Ernest Hemingway. Está enganado quem não enxerga transcendência em Nelson Rodrigues e Rubem Braga. Ambos publicaram, por anos a fio, sua literatura nos jornais e foram lidos por brasileiros de toda sorte.
O saber contido nos livros não está restrito aos críticos e aos teóricos. O leitor comum, como eu e você, mantém as grandes histórias vivas. Nós, as criaturas vulgares, educamos nosso imaginário e libertamos nosso pensamento a partir dos autores que visitaram as profundezas da vida e os recantos do espírito para tecer suas narrativas.
Os clássicos só se tornaram clássicos, pois iluminaram e continuarão iluminando a vida de muitos.
Aprendemos com os escritores a fazer melhores perguntas.
A literatura nos ajuda a viver melhor.